Gilles de Montmorency-Laval, Gilles de Rais, ou Gilles de Retz foi um nobre francês e soldado que lutou em diversas batalhas ao lado de Joana D'Arc contra os ingleses. Ele tambem ficou conhecido por ser acusado e condenado por torturar e estuprar um grande número de crianças, e assim como Elizabeth Bathory, também é considerado por alguns historiadores como precursor do assassino em série moderno.
Gilles nasceu aproximadamente em setembro de 1405 em Champtocé-sur-Loire. Seu pai foi Guy de Montmorency-Laval e sua mãe era Marie de Craon. Ele tinha um irmão, René de Susset, com o qual foi muito unido em sua infância. Fora uma criança inteligente, falando, inclusive, latim fluentemente. Após a morte de sua mãe e, posteriormente, a trágica morte de seu pai, os dois irmãos ficaram sob a tutela do avô materno, Jean de Craon. Ele ensinou aos garotos o narcisismo, a soberba, o poder, o orgulho, o que fez com que moldasse a personalidade de Gilles. Mas no começo, Jean dava muito mais atenção ao irmão de Gilles, o que fez com que esse vivesse fechado na biblioteca da casa. Lá ele encontraria seu alter ego e heróis em livros sobre a Roma antiga. Ele via como os antigos imperadores romanos eram poderosos, ricos e matavam sem dever explicações a ninguém.
Aos 14 anos, seu avô lhe deu uma grande armadura milanesa e o proclamou cavaleiro. Em seguida Gilles começou a utilizar espadas e destruír seus bonecos de treino e tambem demonstrava sua agressividade. Primeiramente com animais, mas logo com seres humanos. Aos 15 anos, cometeu seu primeiro assassinato. Ele chamou seu amigo Antoin para um duelo, que este pensava ser inofensivo. No entanto Gilles levou o duelo a sério e acabou atingindo Antoin com a espada, que agonizou até a morte. Nessa ocasião ele não foi sequer acusado, pois era nobre e Antoin por sua vez, era de origem humilde.
Sua enorme agressividade levou-o a entrar para a carreira militar, na qual poderia descontar a fúria nos inimigos. Lutava sempre na vanguarda dos soldados (tropas pagas por ele) contra os ingleses, e parecia outra pessoa quando lutava, tamanha era sua habilidade.
Após uma das campanhas ele se casou com Catherine, que era de uma casa nobre da Bretanha, em 1420. Em 1429, Catherine daria à luz a única filha do casal, Marie. Porém Gilles dizia não amar a esposa e posteriormente, ficava evidente o caráter de bissexualidade dele.
Mais tarde, Gilles lutou ao lado de Joana D'Arc, pela qual possuía uma estima muito grande, novamente contra os ingleses, retornando vitorioso a Paris. Com o passar do tempo, as derrotas contra os ingleses (na batalha de Patay) e, posteriormente a morte de sua 'deusa' Joana D'Arc, tornaram Gilles cada vez mais triste e sombrio. Ele chegou a declarar que não tinha mais vontade de viver, pois essa morrera com Joana D'Arc.
Deixou a vida militar e refugiou-se na Bretanha Francesa, mais precisamente no castelo de Tiffauges, onde seus demônios e sentimentos mais perversos afloraram. A mente do ex-comandante ficara ainda mais confusa com as tragédias da guerra e a morte de seus camaradas. Nessa altura ele já havia se separado de sua esposa Catherine.
-Em 1434, Gilles gradualmente retirou-se da vida militar e pública para perseguir seus próprios interesses: a construção de uma esplêndida Capela dos Santos Inocentes (onde oficiou em vestes de seu próprio desenho) e a produção de Um espetáculo teatral chamado Le Mistère du Siège d'Orléans.
A peça consistia em mais de 20.000 linhas de verso, exigindo 140 partes falantes e 500 extras. Gilles estava quase falido no momento da produção e começou a vender a propriedade já em 1432 para apoiar seu estilo de vida extravagante. Em março de 1433, ele havia vendido todas as suas propriedades em Poitou (exceto as de sua esposa) e todas as suas propriedades no Maine.Apenas dois castelos em Anjou, Champtocé-sur-Loire e Ingrandes, permaneceu em sua posse.
Metade do total de vendas e hipotecas foram gastos na produção de sua peça. O espetáculo foi realizado pela primeira vez em Orléans em 8 de maio de 1435. Seiscentos trajes foram construídos, desgastados uma vez, descartados, e construídos de novo para desempenhos subseqüentes. As fontes ilimitadas de comida e bebida foram disponibilizados aos espectadores às custas Gilles '.
Em junho de 1435, membros de sua família se reuniram para colocar um freio na Gilles. Apelaram ao papa Eugene IV a desautorizar a Capela dos Santos Inocentes (que ele se recusou a fazer) e levaram suas preocupações ao rei. Em 2 de julho de 1435, um decreto real foi proclamado em Orléans, Tours, Angers, Pouzauges e Champtocé-sur-Loire denunciando Gilles como um gastador e proibindo-o de vender qualquer outra propriedade.
O crédito de Gilles caiu imediatamente e seus credores começaram pressioná-lo. Assim ele tomou emprestado altos valores e usou seus objeto de arte, manuscritos, livros e roupa como a segurança. Quando deixou Orléans no final de agosto ou início de setembro de 1435, a cidade estava repleta de objetos preciosos que ele foi forçado a deixar para trás. O decreto não se aplicava à Bretanha, e a família não conseguiu persuadir o Ducado da Bretanha a aplicá-lo.
-Em 1438, de acordo com testemunho em seu julgamento do padre Eustache Blanchet e do clérigo François Prelati, de Rais enviou Eustache para procurar indivíduos que conheciam alquimia e invocação demoníaca. Eustache contatou Prelati em Florença e convenceu-o a tomar serviço com seu Mestre. Tendo revisto os livros mágicos de Prelati, de Rais escolheu iniciar experiências, a primeira ocorrendo no hall mais baixo de seu castelo em Tiffauges, tentando convocar um demônio chamado Barron. Gilles forneceu um contrato com o demônio por riquezas que Prelati devia dar ao demônio mais tarde.Como nenhum demônio se manifestou após três tentativas, ele ficou frustrado com a falta de resultados. Prelati respondeu que o demônio Barron estava irritado e exigiu a oferta de partes de uma criança. Gilles forneceu essas partes em um vaso de vidro em uma evocação seguinte. Tudo isso foi inútil, e as experiências ocultas deixaram-no amargo e com sua riqueza severamente esgotada.
Entre 1432 e 1440, chegaram a contabilizar o desaparecimento de mais de 1.000 meninos entre 8 e 10 anos na Bretanha. Em seu castelo, Gilles estava rodeado de uma corte grotesca de bruxas, alquimistas e sadistas. As bizarrices, porém, ocorriam ao cair da noite, quando ele dedicava-se a torturar, estuprar e assassinar meninos, previamente sequestrados por 'bruxas'. Para defender-se de acusações de que os meninos sequestrados eram levados ao seu Castelo, Gilles dizia que os entregava a Inglaterra para se converterem em padres.
Ele utilizou, além do castelo de Tiffauges, o castelo de Machecoul e a casa de Suze para cometer seus delitos.
Tudo acabaria em outubro de 1440, quando uma investigação levou até Gilles de Rais. Em seu julgamento (altamente detalhado nas escritas do século XV), ele se declarou, a princípio, inocente. Entretanto, em um de seus transtornos de personalidade, dos quais já sofria há anos, ele assumiu a culpa, dizendo estar arrependido. Gilles documentou todos os assassinatos e ações conturbadas. As declarações chocaram a França, pois era considerado um herói pelo povo. Chegaram a contabilizar 200 vítimas, porém é certo que este número seja bem maior.
No dia 26 de outubro de 1440, Gilles de Rais e seus 'colaboradores' foram levados até Nantes, onde foram enforcados e depois queimados.
Fonte:Wikipedia